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Rogério Souza publicou algo
A investigação de Fontes Abertas (OSINT) é uma metodologia poderosa para coletar e analisar informações disponíveis publicamente. É usada em diversas áreas, desde jornalismo investigativo e segurança cibernética até pesquisa de mercado e investigações criminais.
O que é OSINT?
OSINT (Open Source INTelligence) refere-se à coleta e análise de informações de fontes acessíveis publicamente. Isso inclui dados de:
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Internet: Sites, redes sociais, blogs, fóruns, notícias, registros públicos online, vídeos, imagens, dados geográficos (mapas, imagens de satélite).
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Mídia tradicional: Jornais, revistas, rádio, televisão.
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Publicações acadêmicas: Teses, artigos, estudos.
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Dados governamentais: Registros públicos, documentos oficiais.
A chave é que a informação não é secreta ou protegida; ela está disponível para quem procurar, embora possa não ser facilmente encontrada ou correlacionada.
Por que fazer uma investigação OSINT?
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Levantamento de informações: Coletar dados sobre indivíduos, organizações, eventos ou tendências.
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Verificação de fatos: Confirmar a veracidade de alegações ou informações.
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Análise de risco: Identificar vulnerabilidades ou ameaças.
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Suporte a investigações: Complementar métodos tradicionais de investigação.
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Due diligence: Avaliar a reputação ou histórico de empresas e pessoas.
Como fazer uma investigação OSINT: um guia passo a passo
Uma investigação OSINT eficaz segue um processo estruturado.
1. Defina seus objetivos e escopo
Antes de começar, saiba o que você quer descobrir. Pergunte-se:
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Qual é o propósito da investigação?
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Que tipo de informação estou procurando?
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Sobre quem/o quê estou investigando?
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Quais são as limitações de tempo e recursos?
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Quais são as considerações legais e éticas?
Ter objetivos claros ajuda a focar seus esforços e evitar a sobrecarga de informações.
2. Identifique suas fontes
Com base nos seus objetivos, liste os tipos de fontes mais relevantes. Isso pode incluir:
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Mídias sociais: Facebook, Instagram, LinkedIn, X (Twitter), TikTok, etc.
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Mecanismos de busca: Google, Bing, DuckDuckGo, Yandex, etc.
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Fóruns e comunidades online: Reddit, boards específicos, grupos de discussão.
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Bancos de dados públicos: Registros de empresas, processos judiciais, registros de imóveis, patentes.
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Notícias e arquivos de mídia: Jornais online, arquivos de TV e rádio.
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Informações geográficas: Google Maps, Google Earth, OpenStreetMap.
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Código-fonte de sites: Para identificar tecnologias usadas, e-mails ocultos, etc.
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Dark web/Deep web: Em casos específicos e com o devido cuidado.
3. Colete os dados
Esta é a fase de exploração. Use as ferramentas e técnicas apropriadas para extrair informações de suas fontes:
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Mecanismos de busca avançados: Utilize operadores de busca (ex:
"frase exata"
,site:exemplo.com
,filetype:pdf
,intitle:termo
) para refinar suas pesquisas. -
Busca reversa de imagem: Ferramentas como Google Imagens ou TinEye podem ajudar a encontrar onde uma imagem apareceu antes.
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Análise de metadados: Ferramentas podem extrair informações como localização GPS, data e modelo da câmera de fotos e vídeos.
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Ferramentas de coleta de mídias sociais: Algumas ferramentas permitem buscar por palavras-chave, hashtags, localização ou usuários específicos. No entanto, sempre respeite os termos de serviço das plataformas.
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Google Dorks: Combinações específicas de operadores de busca para encontrar informações sensíveis ou específicas (ex:
inurl:admin login
,filetype:xls password
). -
Pesquisa de domínios/WHOIS: Para obter informações de registro de um site.
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Wayback Machine (Archive.org): Permite ver versões antigas de sites.
Dica: Sempre registre as fontes de onde você coletou cada pedaço de informação.
4. Analise e organize os dados
Coletar dados é apenas o começo. A análise é onde você transforma dados brutos em inteligência.
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Organize as informações: Use planilhas, bancos de dados simples ou ferramentas de mind mapping para catalogar o que você encontrou. Agrupe informações por tópico, pessoa ou evento.
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Correlacione informações: Procure conexões entre diferentes peças de dados. Um nome em um registro público pode estar ligado a um perfil de mídia social, por exemplo.
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Avalie a credibilidade: Nem toda informação online é verdadeira. Verifique a fonte, a data, a autoria e a consistência das informações. Fontes primárias são geralmente mais confiáveis.
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Identifique lacunas: Onde faltam informações? Isso pode guiar suas próximas etapas de coleta.
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Crie um perfil: Se estiver investigando uma pessoa ou organização, construa um perfil detalhado com todas as informações relevantes.
5. Relate suas descobertas
Apresente seus achados de forma clara, concisa e objetiva.
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Estruture o relatório: Comece com um resumo executivo, seguido pelos detalhes da metodologia, as descobertas principais, evidências de suporte e quaisquer limitações ou recomendações.
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Cite suas fontes: Sempre inclua as URLs, datas de acesso e qualquer outra informação relevante que permita a outra pessoa verificar seus dados.
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Use visualizações: Gráficos, mapas ou linhas do tempo podem ajudar a ilustrar conexões complexas e tornar o relatório mais compreensível.
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Evite conclusões precipitadas: Apresente os fatos e permita que o leitor tire suas próprias conclusões, a menos que você tenha evidências sólidas para apoiar uma conclusão específica.
Ferramentas e recursos úteis
Existem muitas ferramentas, gratuitas e pagas, que podem auxiliar em uma investigação OSINT. Aqui estão algumas categorias:
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Motores de Busca:
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Google, Bing, DuckDuckGo: Para buscas gerais.
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Startpage, SearXNG: Para buscas mais privadas.
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Yandex: Bom para buscas em russo e reconhecimento facial.
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Redes Sociais:
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Pesquisa interna das plataformas: Use os recursos de busca de cada rede.
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IntelTechniques OSINT Tools: Coleção de links para pesquisa em várias plataformas.
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Análise de Imagem/Vídeo:
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Google Imagens, TinEye: Busca reversa de imagem.
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ExifTool: Para extrair metadados de imagens e vídeos.
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Domínios/IPs:
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Who.is, ICANN Lookup: Para informações de registro de domínio.
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Shodan, Censys: Para buscar dispositivos conectados à internet e suas vulnerabilidades.
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Geolocalização:
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Google Maps, Google Earth, OpenStreetMap: Para informações de localização.
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What3words: Para localização precisa.
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Arquivamento de Web:
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Wayback Machine (archive.org): Para ver versões antigas de sites.
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Frameworks e Coletâneas:
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OSINT Framework: Uma vasta coleção de links e ferramentas categorizadas.
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Maltego: Ferramenta de visualização de dados e conexão de informações.
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Recon-ng: Framework para reconhecimento web.
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Considerações Éticas e Legais
É crucial conduzir investigações OSINT de forma ética e legal.
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Privacidade: Não viole a privacidade de indivíduos ou organizações. Mantenha-se dentro dos limites das informações publicamente disponíveis.
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Legalidade: Cumpra todas as leis e regulamentos aplicáveis, como a LGPD no Brasil, que protege dados pessoais. Não acesse sistemas sem autorização.
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Engenharia Social: Evite táticas de engenharia social que envolvam mentiras, disfarces ou coerção para obter informações.
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Viés: Esteja ciente de seus próprios vieses e tente manter a objetividade na coleta e análise de informações.
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Consentimento: Em alguns contextos, especialmente se você for usar as informações para fins públicos (como jornalismo), considere a necessidade de consentimento.
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