• Advocacia: O uso da linguagem na arte de buscar o “sim”

      Título alternativo: A arte de buscar o “sim” através do inconformismo (PARTE II)

      Alerta-se que para continuar a leitura desse texto, sugiro que leia antes o texto “Advocacia: A arte de buscar o sim através do inconformismo”, o primeiro de uma trilogia, em que se apresenta o inconformismo como uma característica necessária ao exercício profissional da advogada ou do advogado, que não devem se conformar em sua atividade. A arte da advocacia é o jogo do inconformismo, a busca pelo “sim” para o cliente, com a utilização estratégica e legal de todas as ferramentas disponíveis, para que a justiça seja efetiva e validamente feita.

      A busca pelo “sim” nem sempre é uma tarefa fácil; pelo contrário, como já foi mencionado na primeira parte. Buscar o “sim” exige esforço e preparo, e muitas vezes exige sair da zona de conforto, exige o confronto… No entanto, não são todos os (as) profissionais que desejam esse confronto, que sempre requer um (a) profissional com inteligência (também emocional) e diligência.

      E essa corrida para ao final ter o “sim”, que favorece de maneira imediata o cliente, e de forma mediata o próprio profissional, que detém o poder de interferir no julgamento, influenciar o julgador… mas essa corrida requer o uso da linguagem de maneira adequada, seja na linguagem oral nas audiências judiciais e conversas com juízes (as), seja na utilização da linguagem em todas as petições juntadas no transcurso da marcha processual.

      Bem, a questão central deste segundo texto, de uma trilogia que pretende despertar o (a) profissional em sua atividade, é o uso da linguagem no seu labor diário para influenciar o (a) julgador (a) e ter o “sim” desejado para o seu cliente. A linguagem utilizada é refletida na comunicação entre os sujeitos do processo, e o (a) profissional para garantir que a interação seja eficaz e eficiente, deve ter clareza, característica essencial que garante que a mensagem transmitida (ou o pedido feito) seja facilmente entendida pelo receptor (o (a) julgador (a)).

      Para a clareza necessária o pedido formulado dever ser fluido, e com os seguintes elementos: simplicidade, com a preferência pelo uso de palavras e frases simples; precisão, com a escolha de termos que tenham significado específico e direto, sem ambiguidade; ordem lógica, com a apresentação das ideias de maneira organizada e sequencial; relevância, utilizando-se apenas das informações importantes para o propósito da comunicação, evitando sobrecarregar a mensagem com detalhes desnecessários; coerência, que garante que todas as partes da mensagem façam sentido juntas e que haja uma conexão clara entre as ideias apresentadas.

      É importante também para garantir que a mensagem seja transmitida e compreendida da melhor forma possível, que o (a) profissional seja: conciso (a), que vá direto ao ponto, mantenha objetividade e evitando palavras ou informações desnecessárias; consistente, com a utilização de tom, estilo e mensagem uniformes ao longo do texto; empático (a), considerando o ponto de vista, as necessidades e os sentimentos do (a) receptor (a) (julgador (a)); cortês, com o uso da linguagem educada e respeitosa.

      O pedido do advogado ou da advogada na sua atividade em busca do “sim” tem que ser eficiente e capaz de convencer o (a) juiz (a) na sua decisão, deve ser estratégico e pensado para ser feito no melhor momento. Às vezes, o pedido precipitado ou o retardatário pode prejudicar a defesa do cliente. Assim, o pedido deve ser feito no momento certo, o que aumenta a sua relevância e o seu impacto na sua estratégia. O (a) profissional que tem essa percepção aumenta as suas chances de sucesso, o que pode significar a obtenção do “sim” perseguido.

      Quem atua na advocacia deve ter em mente que não basta pedir, deve, antes de tudo, saber o que se quer pedir para que possa, com elementos da comunicação eficiente, pedir corretamente, o pedido deve ser preciso, tal como a navegação no poema de Fernando Pessoa, e, talvez, a (o) profissional da advocacia possa influenciar na decisão, na busca pela justiça, ajudando a reescrever a história da vida do seu cliente.

      *Texto de autoria do advogado baiano Fabiano Samartin Fernandes

      Coordenador jurídico do Cenajur, doutorando em Direito, mestre em Criminologia e especialista em Ciências Criminais e Direito Militar.

      Clodoaldo Bezerra Jônatas Tenório Ferro, Marco Aurélio Vicente Vieira e Rafael Paraguassú De Oliveira
      1 Comentário